Ballet (Take 1)

Depois de ter participado numa espécie de workshop de dança há alguns meses, a Carolina começou a pedir para fazer ballet. Como já estávamos no fim do ano lectivo, combinei com ela que depois do Verão começaria a frequentar aulas de ballet.

Desde Setembro que procurava um sítio com horários compatíveis com os nossos horários depois de eu regressar ao trabalho, estava difícil, mas a Sandra deu-nos a dica que esperávamos e aproveitámos.

Fez-se os preparativos e ficou combinado que a Carolina faria uma primeira aula de experiência.

O local onde são dadas as aulas é numa zona pela qual eu já não ando há alguns anos, por isso neste primeiro dia iríamos com a Sandra para não nos perdermos. Ora acontece que a Sandra não pode ir e eu para não entristecer a Carolina que há uma semana me perguntava todos os dias quando é que era o dia do ballet, decidi ir à mesma.

Contava com o J. para ir connosco (que conhece melhor a zona) e preparei-me com uma impressão das indicações para chegar ao local. Chegada a hora de sair de casa, o J. maldisposto (e embirrento!) decide que é melhor ficar em casa com o Tiago, saio sozinha com a Carolina e tudo corre bem até que as indicações que levo me dizerem para virar à esquerda e tudo começar a correr mal!

Passo 20 minutos às voltas até regressar ao cruzamento duvidoso, onde decido parar e telefonar a pedir ajuda; voltam a dar-me as indicações, ando mais 20 minutos às voltas (nesta altura já a Carolina me perguntava em tom aflito «Mamã estamos perdidas?») e eu em desespero peço ajuda a um taxista. Santo senhor (e ainda dizem mal dos taxistas!) levou-me quase até à porta do sítio!

E foi assim que 40 minutos depois da aula começar se iniciava a experiência da minha filha no ballet.

Como é que correu? Mal é claro! Mãe enervada, filha assustada; num ambiente que não conhecia, com pessoas que não conhecia, ainda começou a fazer os exercícios mas quando a professora a certa altura lhe disse que tinha que baixar a cabeça, desabou, começou a chorar e eu não consegui que ela voltasse à aula. Compreendo-a, nenhuma de nós estava em condições para coisa alguma.

Detesto perder-me, tenho um sentido espacial muito bom, por isso é raríssimo isso acontecer; um mapa ou boas indicações levam-me a qualquer lugar e aprova disso é o facto de já termos andado em grandes cidades (fora de Portugal) e nunca, nunca eu ter perdido a noção de onde estava, para onde ia e como o deveria fazer.

Mas aconteceu aqui! Ao lado de casa!

E para agravar a situação a cada volta mal dada, a cada dúvida e cada rua perdida a minha irritação para com o J. crescia, porque de certeza que se ele tivesse ido como estava combinado, metade das voltas não teriam sido dadas e mesmo que chegássemos atrasados não teriam sido 40 minutos, eu não me enervava, a Carolina não se assustava e teria aproveitado a sua primeira aula de ballet.

Resta dizer que a Professora foi super simpática e compreensiva, as meninas adoráveis e por várias vezes chamaram a Carolina para as acompanhar.

Ficou combinado fazermos uma nova tentativa na próxima semana, chegarmos a horas é importante (claro!), para a Carolina participar desde o início da aula, onde existe sempre uma pequena conversa inicial.

Vamos, mas com companhia, porque depois de tantas voltas fiquei à mesma sem saber qual é a rua que dá acesso ao raio do sítio!

Nota 1: Saímos de casa com tempo, chegámos à zona em 10 minutos, tínhamos ainda 30 minutos para encontrar a rua certa antes da hora da aula.

Nota 2: As indicações estavam todas bem, à excepção da que dizia para virar à esquerda quando é suposto ser à direita, a partir daí foi o descalabro que relatei.