18 meses (e um dia)

E de repente já passaram 18 meses (e um dia!) daquele dia que me tornou ainda mais feliz.

Depois de ter sido abençoada uma vez pela maternidade, depois de dois anos de espera, de muitas dúvidas, de muitos medos, recebi (recebemos!) um menino que gritava contrariado por o tirarem de onde se sentia confortável.

Agora este bebé já anda à nossa volta, começa a falar mas já se faz entender, chora quando precisa de chorar mas passa muito mais tempo a rir; preenche-nos os dias e com a irmã dá-nos a nossas maiores alegrias.

É um miúdo traquina, faz muitos disparates, todos os olhares sobre ele não são suficientes para prevenir tudo o que pode fazer; sobe cadeiras, camas, sofás e até mesas, tenta trepar prateleiras e mete-se dentro de armários, consegue chegar a coisas que pensávamos estar fora do seu alcance, mas faz isto tudo com o sorriso mais lindo e maroto que conheço, sempre bem-disposto e brincalhão.

Já percebemos que com ele não vamos ter o benefício da segurança que nos deu desde cedo a irmã, mais ponderada, cautelosa, segura o suficiente para avançar mas sempre a olhar o «ninho».

Ele corre sem olhar para trás, "quem quiser que me siga" parece ser o que pensa, não teme por isso avança, mexe em tudo que é bicho (cão, gato, ovelha e cabra, e os patos se eles deixassem!), os escorregas estão lá para escorregar, mas também servem para trepar e os baloiços são para experimentar.

A irmã continua a ser o seu ídolo, quer fazer tudo o que ela faz, comer o que ela come e ir onde ela vai. Mas também já se zangam, porque ela lhe tira algo que ele tem ou porque ele quer o brinquedo/lápis/livro com que ela brinca.

Depois gritam os dois quando ele entra no quarto dela e começa a tirar tudo de dentro dos cestos, caixas e prateleiras, e ela que não quer que ele mexa nas Pollys/Livros/Varinhas de condão, etc., etc., põe-o fora do quarto fecha a porta e ficam a gritar um dentro e outro fora, até eu ou pai gritarmos mais alto a mandá-los calar.

Mas nos momentos de ternura, que com ele são frequentes e a todas as horas, abraçam-se, ela dá-lhe beijos, chama-lhe "meu bébé", "meu irmãozinho" e eu sinto-me tão feliz, descansada que eles se terão sempre um ao outro.

Por isso, no meio destes meus dias outra vez tão complicados, tão cheios de preocupações, de coisas tristes, menos felizes, a hora em que eu chego a casa depois de receber abraços numa escola cheia de meninos, quando ouço uns passinhos a correr acompanhados de gritos de "mamã!" e seguidos de mais abraços cheios de força, é a hora em que tudo desaparece, em que eu sou a mãe de duas crianças que me abençoaram a vida, que me transformaram em algo melhor, maior do que eu própria.

A seguir há os banhos, o jantar, a hora de deitar e outra vez coisas chatas para fazer, que às vezes eles não gostam e eu também não, mas isso também faz parte...

O meu filho fez ontem 18 meses, a minha filha faz 6 anos.

A fotografia: De repente ele não se ouve, o silêncio não é bom sinal, vou à procura dele e ali está: sentado à secretária, a olhar o computador com a mão em cima do rato... às vezes o computador também está ligado (sim, porque isto já aconteceu várias vezes!). Children see, children do! :P