terça-feira, 28 de março de 2006

Ter um Filho

Alguma falta de disponibilidade (mental e de tempo), e a falta de colaboração do Flick, manteve-me afastada aqui do cantinho e dos cantinhos vizinhos nos últimos dias.
E porque o Flickr continua a não querer fazer o Upload da foto com as prendinhas do Dia do Pai, vou começar por deixar uma explicação a este post!
Desde que eu me lembro que sonho ser mãe, este sonho sempre fez parte dos meus planos e objectivos de vida. No entanto, sempre achei que não ia ser um sonho de concretização imediata ou fácil, talvez por isso, ou por causa disso, a chegada dos meus filhos não se mostrou fácil.
A primeira gravidez aconteceu ao fim de um mês de treinos. Espanto! Alegria! Afinal até pode ser fácil! Mentira... ao fim de 9 semanas o sonho desapareceu...
A seguir foram doze meses (menos duas semanas) de procura, ansiedade, nervosismo, desespero, um corpo pouco colaborante, uma cabeça que dava sinais de cansaço, o desânimo... a esperança que esmorecia. No dia 10 de Junho de 2001, Domingo, porque o meu corpo parecia diferente, porque o meu peito não me permitia deitar de barriga para baixo, aproveitando uma farmácia de serviço por onde passámos, comprei um teste. Tinha decidido só fazer o teste na manhã seguinte, mas depois de uma troca de palavras menos simpáticas com o J., entrei em casa e foi para casa-de-banho, queria acabar com mais aquele tormento rapidamente... mas, passado apenas alguns segundos, apareceram Duas Riscas Cor de Rosa, e eu tive um ataque de choro violento que libertou tudo o que se tinha acumulado no meu corpo durante os últimos doze meses.
No dia 1 de Fevereiro de 2002, Sexta-feira, nasceu a minha filha, Carolina.
Em Agosto de 2004, depois de alguma ponderação, decidimos que iríamos tentar ter outro filho. Para além dos receios naturais em qualquer mulher que decide engravidar, a mim angustiava-me a perspectiva de passar novamente pelo meses sem menstruação, mas também sem gravidez, a falta de ovulação, os testes negativos, o sonho adiado, a esperança de um momento, o desânimo do outro... passou um mês, passaram três meses, passaram 9 meses, nada.
Em Maio de 2005 fiz uma ecografia na qual se confirma novamente o mesmo problema: ovários micropoliquísticos, ovário esquerdo completamente parado. Tratamento: três ciclos a tomar uma pílula contraceptiva extra-forte, em Agosto repetir a ecografia. Em Agosto a ecografia mostra que os microquistos desapareceram, os ovários voltaram a funcionar, por isso "toca a treinar" desta vez com uma ajudinha do Dufine. Última menstruação no dia 16 de Outubro de 2005, em Novembro volta a não aparecer, os testes de gravidez dão negativos, mas eu decido não provocar o aparecimento da menstruação, estou farta de tomar medicamentos, não gosto, vou esperar até Dezembro (afinal quando fiquei grávida da C. também não menstruava há quase três meses!).
No dia 6 de Dezembro de 2005, Terça-feira, o meu corpo estava diferente, o meu peito dizia-me aquilo que eu não queria acreditar, no teste apareceram novamente as Duas Riscas Cor de Rosa, estou grávida.
Em comparação com a luta por uma gravidez de algumas meninas que, mais ou menos, vou acompanhando neste mundo dos blogs, os meus meses de espera podem não ser nada, no entanto, com eles aprendi a dar um valor ainda mais especial à maternidade, e à capacidade de gerar uma vida.
Quando digo que concordo com a frase dos Elfos, não é por achar que quem não consegue gerar um filho não é merecedor de toda "a honra e responsabilidade", porque eu acredito que esta honra é concedida a partir do momento em que uma mulher e um homem conseguem abdicar de um pouco de si para se prepararem para receber um novo ser, mesmo quando este não foi por si gerado. E ainda, porque acredito que a maternidade/paternidade não aparece porque se gerou uma vida (infelizmente existem tantos exemplos disto!).
Agora, depois de desfeitos quaisquer mal-entendidos, queria dedicar estes posts a todas as meninas que já são mamãs no seu coração, em especial à Sónia, porque, infelizmente, a sua história é demasiado parecida com a minha, e à Miragem, porque gosto de a ler e me faz lembrar a mim própria! E acima de tudo, porque tenho a certeza que as vossas Risquinhas também vão aparecer.

10 comentários:

  1. Belo texto que compreendo e com o qual identifico alguns dos meus sentimentos em relação ao que decreves.

    Um beijinho a todas as que procuram ainda essas risquinhas.

    Outro para ti!

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  2. Muito obrigada!!
    De facto parece que somos mesmo parecidas... mas espero que não encontre obstáculos identicos aos teus ;)
    Somos de '74, certo?

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  3. Miragem,
    espero que o teu caminho seja muito mais fácil!
    1974, grande ano! :)

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  4. Foi uma grande luta, a tua, que felizmente teve um final feliz! :)
    Beijos

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  5. Olá gostei de te ler. Tenho uma filhota de cinco anos, ainda não tentei o segundo e tenho alguns receios ao fim de cinco anos de não conseguir. E tambem talvez por medo não tente...
    Beijos

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  6. que bonita mensagem de esperança!

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  7. Tiveste de enfrentar alguns obstáculos, mas felizmente tens uma filhota linda e um filhote a caminho. :) Todas as mulheres que o desejam deviam ter direito a serem mães, essa é que essa!

    Bjs

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  8. Espero que o teu exemplo sirva tb para dar força a outras mulheres que querem ser mamãs e não tem a vida facilitada! Parabéns... Nem consigo imaginar os obstáculos do percurso, mas agora tens um caminho de MAIS alegrias pela frente.

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  9. Concordo em género e número com tudo o que escreveste. E ainda estou mais de acordo quando referes que a maternidade não surge só porque se gerou uma vida,e se me permites acrescentar,a mesma aparece tantas vezes(e ainda bem!) sem nunca se ter gerado determinadas vidas...
    No meu caso,posso dizer que até engravidar da C.(que foi um bebé planeadíssimo) também andei uns bons mesitos em treinos,não esperei tantos como tu,mas também não foi imediato. E estranha coincidência(ou não) esta 2ª gravidez não estava nada planeada,e não deixa de ser curioso,que bastou um simples acto de "negligência" da nossa parte para acontecer logo ao primeiro descuido. Há certas coisas na vida que não têm compreensão possível...o que só vem reforçar a minha ideia de que,quanto mais ansiedade mais difícil se torna obter bons resultados.
    Espero sinceramente que todas as mamãs que enunciaste venham a descobrir e a experimentar a maternidade. Todas as mulheres(sem excepção) o merecem.
    Bjs

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  10. Olá vim agradecer a visita ao meu blog e conhecer o teu :-)
    Gostei muito da maneira como escreves...
    beijocas
    kikas

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