terça-feira, 24 de julho de 2007

Família Completa

[O comentário no post anterior da Sandra (Costinhas) fez-me pensar...]

O primeiro mês depois do Tiago foi para mim muito confuso, o misto de emoções que me inundava era tal que muitas vezes tinha dificuldade em gerir tudo o que sentia. Foram dias de imensa alegria, misturados com momentos de choro, medo, angústia, ansiedade.

Depois do primeiro mês a calma começou a instalar-se, comecei a sentir-me mais equilibrada, reencontrei o meu ritmo, o nosso ritmo, agora a quatro. E foi nessa altura que comecei a sentir que as incertezas desapareciam, e que se instalava a certeza da opção tomada, a consciência que apesar de todas as dificuldades só agora a nossa família estava completa.

É assim que me sinto ainda agora, feliz, muito feliz por termos decidido ter esta família, pelos dois filhos, completa pela casa cheia de gargalhadas (e às vezes de gritos!) e de brinquedos e de roupas e sapatos pequenos.

Na maioria dos dias nem sequer penso em mais filhos, ocupada como ando com estes e às vezes com tão pouco tempo para eles (e outras vezes com a paciência já no limite!).

Na maioria dos dias em que penso em mais um filho, penso que os meus braços e os do pai já estão tão ocupados e agora os pares de braços ainda chegam para os braços que nos procuram, para o terceiro os braços já faltavam e a divisão teria que ser maior... e estamos tão bem assim.

Depois penso, mas o meu coração de mãe até era capaz de amar mais filhos e inventar mais braços...

E é nesta altura que entra o pragmatismo... se é verdade que não há alegria maior do que um filho, ele não deixa de ter que ser alimentado, vestido, cuidado e no mundo em que vivemos tudo isso depende do dinheiro. E se é verdade que as crianças não precisam de ter tudo, nós, pais de agora não estamos dispostos a abdicar que eles tenham certas coisas.

Isto tudo para dizer, eu sinto a minha Família Completa, estamos bem assim (até nos calhou um casalinho! :P), mas isto não quer dizer que se as possibilidades fossem outras, eu não teria mais um filho, porque sinto que estaria preparada para ser mãe outra vez.

11 comentários:

  1. Independentemente dos custos monetários, dos "braços estarem preenchidos", de sentir que a família está preenchida tenho a sensação que falta alguém, e as miúdas têm ajudado a alimentar esta vontade, até já têm nomes e falam como se o mano e a mana existissem.

    Um dia destes no carro amais nova manda um grito à irmã porque esta tinha se sentado no lugar da mana bebé.

    Por aqui anda-se com uma vontade de ter a 3ª (sim há mais probabilidades de ser uma "terceira"). Monetariamente acho que até aos 3 anos uma criança não tem grandes gastos monetários.

    Por aqui só agora com a mais velha (8anos), é que se está a sentir a “despesa”.

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  2. esse é o mal geral, quase toda a gente quer mais filhos mais não pode. e eu penso que esta realidade tende a piorar, cada vez há mais despesas.
    Mas como dizes já tens dois, já te podes sentir abençoada
    ;D

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  3. E que sorte é ter um casalinho!!! :p

    (é isso tudo)

    Beijos

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  4. pois...por aqui temos o casalinho;)

    não sabemos se iremos ao 3º...talvez sim,talvez não..

    agora estamos bem... e se ficarmos só por aqui ficaremos bem,muito bem!!

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  5. Nove anos não é muito tempo.

    Bj

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  6. Pois é... concordo c tudo!

    Beijocas

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  7. E agora puseste-me tu a pensar... A minha noção de família completa é muito pouco definida, está agora a construir-se. Tinha-a perfeitamente clara, era eu, a minha irmã e os meus pais, até ao dia em que estes se divorciaram, sem que nada, aparentemente, o fizesse prever. Eu tinha 12 anos. A minha família dividia-se em duas e, menos de um ano depois, tinha pessoas novas, de um lado e de outro, que fizeram tornar essa cisão mais acentuada, o que já, aliás, era bastante evidenciado por eu viver, à época, num meio muito pequeno... De repente, fiquei com a sensação de não pertencer a lugar nenhum, excepto com a minha irmã. Com a ida da minha irmã para fora estudar, decidiu-se que eu, no ano seguinte, a acompanharia, ainda que no liceu. Aí a família completa era eu e a minha irmã S. Isto pode soar mal, mas a verdade é que o meu pai e a minha mãe tinha famílias paralelas e aquela sensação de "home sweet home" eu só a sentia junto da S. Claro que gostava dos meus pais, mas perdeu-se a família como um todo...
    Os anos passaram, a minha irmã acabou os estudos e veio para Lisboa, nessa altura viver com a minha mãe, que entretanto se mudara para cá... Custou-me horrores, claro está. Pouco tempo depois a minha mãe morre. Apesar da distância, a minha irmã e eu funcionamos como um todo, acentua-se a dependência. Os anos voltam a passar. O namoro de estudante passa a vida a dois e passar a seguir a casamento, nesta altura estando eu já a viver aqui em baixo. A família completa era a minha irmã e o meu moço. Eu sentia-me efectivamente completa. E a minha experiência de vida anterior trazia-me várias renitências, face à perspectiva de ter filhos. O meu equilíbrio existia, mantinha uma forte cumplicidade com a minha irmã, acentuado pelo momento mau da vida dela... E mais uma vez a minha família completa foi desmoronada, a minha irmã partiu para o outro mundo e deixou-me sem chão... E assim fiquei, sei lá, acho que 1 ano, nem sei quantificar... E ano e tal depois, veio a gravidez, veio a Leonor. Um ano e tal depois começo a reconstruir a minha noção de família completa. No início pensei-a a 3, já a perspectivo a 4, e até gostaria que fosse a 5. Mas sinto-me sobretudo feliz por a ter, por a estar a construir.

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  8. Eh pá, se calhar exagerei no paleio... Ups :P

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  9. Devemos aceitar que fomos abençoadas, quer com um quer com dois... pensa em quem não pode ter nenhum...
    A vida com os filhos é uma vida abençoada!
    beijo grande

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  10. Adorei o comment da Tânia. Quando os pais se separam, o nosso chão são os nossos irmãos. Tb não sei explicar bem porquê. E é muito importante ter alguém ao nosso lado que compreende exactamente as nossas dores e as nossas preocupações em relação aos pais. Qdo um pai adoece, um filho sozinho não tem apoio. Não aquele apoio cúmplice com um irmão de "eu sei que estás a sofrer tal como eu. Nós vamos ter-nos sempre um ao outro". E isso é tão mas tão importante.

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  11. Vamos ver com o segundo se consigo sentir uma família completa. Porque fui sempre eu e o meu irmão.
    Um casalinho!

    Bjos

    Cristina

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